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1805

Em 1805, aos 19 anos, a vida de Velarys tomou um rumo inesperado e cruel. Prometida em casamento a um jovem de família nobre, acreditava que seu destino seria marcado por luxo e estabilidade. No entanto, a família de seu noivo guardava um segredo obscuro: eram vampiros.

Sem escolha, Velarys foi forçada a passar pelo ritual de transformação, perdendo sua humanidade contra a própria vontade. O que deveria ser uma união, tornou-se uma prisão eterna. Marcada pela dor e pela sensação de traição, sua fúria cresceu à medida que se adaptava à nova condição.

Com o tempo, aprendeu a controlar sua sede de sangue e a usar seus poderes recém-descobertos. Movida pelo desejo de vingança, ela caçou um a um os membros da família que a amaldiçoaram. Não apenas os derrotou, mas os fez sofrer, transformando sua dor em punição. Ao final, Velarys permaneceu como a única sobrevivente daquela linhagem, carregando consigo tanto a maldição quanto a liberdade conquistada pela violência.

1863

Depois de décadas assombrada pelos ecos de sua vingança, Velarys deixou a França em 1863. A Europa passava por transformações intensas revoluções, guerras e avanços tecnológicos , mas ela buscava algo diferente: silêncio.

Partiu em exílio voluntário para uma região mais calma, longe das intrigas políticas e dos olhares humanos. Alguns relatos apontam que viajou para florestas isoladas da Europa Oriental; outros, que se refugiou em uma vila esquecida nas montanhas. Ali, finalmente encontrou o ambiente perfeito para explorar e aperfeiçoar suas habilidades vampíricas.

Durante esse período, Velarys aprendeu a controlar melhor sua sede e a manipular seus poderes de forma estratégica. Descobriu técnicas de ocultação, fortaleceu sua força física e, acima de tudo, aprendeu a paciência da eternidade. Esse retiro marcou o início de uma nova fase: menos impulsiva, pronta para enfrentar séculos de existência.

1903

No início do século XX, Velarys reinventou sua identidade. Instalou-se em grandes cidades europeias e tornou-se conhecida como uma mulher de imensa fortuna e gosto impecável para moda. Seus vestidos, joias e eventos chamavam atenção, e sua presença em bailes e desfiles a transformou em um ícone de elegância. Para a sociedade da época, era apenas mais uma aristocrata excêntrica, mas poucos sabiam que por trás do glamour havia uma vampira centenária.

Apesar da vida de luxo, Velarys nunca esqueceu seu instinto de caçadora. Em 1903, atraída pelo chamado do conflito que se aproximava entre Rússia e Japão, decidiu abandonar os salões e se lançar novamente no campo de batalha. Movida pela curiosidade, pelo desejo de testar suas habilidades e pela oportunidade de se esconder entre soldados anônimos, ela participou da Guerra Russo-Japonesa, travada entre 1904 e 1905.

Lá, sua força sobre-humana e resistência a tornaram uma combatente temida, embora sua identidade real permanecesse em segredo. Muitos a viam apenas como uma lenda no campo de guerra, uma figura que surgia nas trincheiras e desaparecia na escuridão.

1920

Em 1820, Velarys decidiu expandir sua influência de forma mais inteligente. Criou em Paris uma sofisticada loja de moda, famosa entre a nobreza e a burguesia pela elegância de suas peças. Porém, a loja nunca foi apenas sobre tecidos e vestidos: desde o início, ela a idealizou como um ponto secreto de troca de informações, onde segredos valiam tanto quanto ouro.

Foi nesse cenário que conheceu aquele que se tornaria o grande amor de sua vida. Um vampiro de cabelos ruivos intensos visitou a loja em busca de uma informação crucial, acreditando que encontraria apenas um contato para sua missão. No entanto, encontrou Velarys. O encontro, que deveria ser passageiro, transformou-se em algo muito maior: uma conexão imediata, capaz de unir duas existências imortais.

1954

Em 1954, Velarys já não era apenas a dama sombria dos salões ou a temida guerreira que atravessara séculos. Ela havia se casado com o vampiro ruivo que conhecera em 1820, e juntos formavam uma dupla inseparável. Unidos pela eternidade, equilibravam paixão, companheirismo e segredos compartilhados.

No entanto, a estabilidade recém-conquistada começou a ser ameaçada. O mundo humano vivia os primeiros anos da Guerra Fria, e rumores sobre sociedades secretas e caçadores de vampiros começaram a chegar aos ouvidos do casal. Um grupo dedicado a eliminar seres sobrenaturais descobrira indícios sobre a existência deles, aproximando-se perigosamente de sua vida discreta.

Velarys e seu marido tiveram que usar toda a astúcia adquirida ao longo dos séculos para proteger sua identidade e seu lar. Entre festas sociais e encontros discretos, tramavam estratégias de defesa e distração, tornando-se ainda mais unidos. Esse período demonstrou que, mesmo em meio à paz aparente, a eternidade podia trazer desafios inesperados e que o amor deles seria testado tanto quanto suas habilidades sobrenaturais.

1980

Em 1980, Velarys e seu marido já haviam atravessado mais de um século juntos, mantendo sua identidade vampírica em segredo enquanto acompanhavam o mundo humano se transformar rapidamente. Novas tecnologias, música, cultura pop e revoluções sociais exigiam que eles se adaptassem constantemente, equilibrando a necessidade de passar despercebidos com o desejo de participar do mundo moderno.

A vida de glamour continuava, mas as ameaças do passado não haviam desaparecido. Caçadores de vampiros, curiosos e rivais sobrenaturais ainda tentavam descobrir sua localização. Para se proteger, Velarys aprimorou suas habilidades de manipulação, disfarce e rede de informações, transformando sua loja — agora mais elegante e moderna — em uma fachada ainda mais eficaz para monitorar e controlar os movimentos ao seu redor.

Ao mesmo tempo, o casal fortalecia sua relação, mantendo-se unidos frente às mudanças do mundo e aos perigos constantes. A década de 1980 marcou um equilíbrio delicado: a eterna imortalidade dividida entre a adaptação ao progresso humano e a vigilância constante de inimigos que nunca descansam.

2000

No início dos anos 2000, Velarys e seu marido enfrentaram uma ameaça que os forçou a mudar de país. Um inimigo sobrenatural, que permanecia escondido nas sombras há décadas, finalmente descobriu sua localização e quase comprometeu toda a segurança do casal. Para escapar do perigo, decidiram deixar para trás tudo o que conheciam: sua cidade, sua rede de informações e parte de suas posses.

Ao chegar em um novo país, tiveram que se adaptar rapidamente à vida humana comum. Para não levantar suspeitas, decidiram se disfarçar como adolescentes no ensino médio, vivendo sob identidades humanas cuidadosamente planejadas. Esse período exigiu de Velarys toda a sua astúcia: frequentar aulas, lidar com amizades e manter uma fachada de estudante enquanto controlava sua sede e seus poderes.

Apesar das limitações impostas pelo disfarce, o casal encontrou maneiras de se divertir, aprender sobre a cultura local e manter sua relação intacta. O início do século XXI marcou assim uma fase de reinvenção: a eternidade precisava agora se equilibrar com a simplicidade da vida humana, e cada movimento deles era calculado para garantir que seus inimigos jamais os encontrassem novamente.